O bom médium não é aquele que “incorpora” as sete linhas de umbanda, que apaga cigarro nas mãos, ou conta tudo sobre a vida do seu vizinho. Essas são provas de uma vaidade mediúnica que muitas vezes se esconde numa justificativa de que o sobrenatural deve ser provado.
Quanto a isso percebo uma contrariedade avassaladora, pois se há razão e prova, falta a fé. Crer é seguir caminhando pelo saber espiritual e este conhecimento por si, é parte interpretação e parte a total ausência de certezas e verdades. Crer é compreender que as respostas sempre virão cheias de novas perguntas, pois somos pequenos perto da grandeza de uma existência infinita.
Não se iluda, a necessidade de provas físicas não podem de fato representar a espiritualidade, apenas são fruto de julgamentos, medos ou curiosidades.
A mediunidade, entendo eu quanto sacerdote, é uma constante lição de humildade e não um momento para nos sentirmos superiores aos nossos semelhantes. Ser médium é ser e estar numa escola que nos prepara para os desafios da vida e por isso ela é mutável, única.
Ser um bom médium é estar pronto para se moldar. Quando nos vemos de forma superior não nos colocamos em posição de alunos e sim de mestres, sem a humildade não nos colocaremos quanto aprendizes da espiritualidade e por isso perderemos grandes lições.
Em verdade, ouso afirmar, que muitos são os médiuns que se perdem por não entenderem que as palavras de seus guias espirituais são lições para eles, tanto quanto para aquele consulente que se encontra a sua frente. É a ânsia de mostrar a sua razão e verdade que num ato de mistificação, ainda que por inexperiência, o médium cala a voz do guia para gritar a sua opinião.
O bom médium não é aquele que sabe todos os pontos, todas as rezas, que jamais falta ao terreiro e que todo fundamento conhece. Isso é uma pessoa responsável e comprometida. Entenda que saber da espiritualidade não é conhecer sua atuação em nossas vidas.
O bom médium é aquele que coloca em prática o conhecimento que se tem (grande ou pequeno) na certeza de que seu crescimento será natural, espontâneo e que não precisa ser acelerado, pois tudo no universo precisa de um tempo para se tornar maduro.
Ser um bom médium é crer que aquilo que nos falta será guiado pelos nossos mentores e que não devemos nos colocar numa posição superior a eles (ou jamais seremos completos), é compreender que a verdadeira hierarquia se chama respeito, que ela jamais deve ser quebrada e que assim, hoje eu aprendo para amanhã ensinar.
O bom médium zela pela união de sua corrente, pois sem a sua casa ele se tornará sem lar. Ele zela pelo bem-estar de seu sacerdote, pois é através da espiritualidade que atua por essa pessoa que a sua fé será direcionada.
Um bom médium é aquele que entende que a espiritualidade não é meio de ameaça ou imposição. Que assim como ele foi aceito por sua totalidade, todas falanges da Umbanda aceitarão aqueles que a procuram e continuarão a espalhar uma bandeira de pluralidade e luz.
Ser um bom médium é olhar para si e estar pronto a evoluir, para mudar o seu entorno, não pelo julgamento, mas pela força da luz que provém da espiritualidade.
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