Foi mais uma noite de festa naquele terreiro, todos os filhos atentos aos seus afazeres. Enquanto isso no meio da rua Exu passou desapercebido pelos olhares dos mais atarefados, mas nada se esconde do seu pensamento.
Sem ao menos se darem conta, corrente ou assistidos, tinham seus corações pesados, não há como mentir para Exu, de Exu nada se esconde!
Essa foi essência daquela reunião, a justiça transparente de Xangô! Para isso, todos tiveram suas verdades reveladas, a fim de compreenderem a sua trajetória e merecimento nesse caminho evolutivo chamado Umbanda.
As rezas começaram. Pouco a pouco um portal se formou dentro da quartinha depositada ao centro do terreiro e enquanto os filhos rodavam ao seu redor, seus corações começaram a vibrar na mesma frequência dos pontos ali cantados.
Neste momento, Exu deixou de ser apenas um observador atento e tomou o seu lugar de direito. Ele se direcionou ao centro da casa de axé e ali avaliou a verdade de cada filho em seu canto, em seu pedido, em sua prece.
Exu tomou a sua decisão, o senhor da comunicação ampliou o portal que se abriu e o fez girar com os filhos ali presentes. Exu dança, tropeça sem seus pés e sorri com alegria. Agora tudo é festa e gargalhadas, agora Exu está trazendo o seu axé.
A energia explodiu e tudo dentro daquela casa vibrou, emitindo cores e luzes que indicavam aos habitantes do plano espiritual que ali seria um lugar de curas emocionais, ali seria um lugar onde todos são bem-vindos e onde habita a fé.
Com a permissão de Exu, o terreiro foi invadido por muitos Guardiões, pelos Exus e Pombogiras da Lei de Umbanda que juraram proteger aquela casa. Estes se colocaram a direita e a esquerda de cada porta.
Na assistência mais Guardiões da luz começaram a limpar toda a sujeira emocional que abalava aos ali presentes. Foi então se que ouviu uma forte gargalhada e um vento varreu os obsessores que ainda persistiam em lutar contra a força dessa luz.
O Ogan grito: “Maria Padilha, Maria!” E a alegria invadiu aos corações, as mulheres sentiram-se mais vivas e os homens tinham mais brilho no olhar. Eram as Pombogiras e suas chamas astrais que limpavam cada canto do terreiro, eliminando todas as energias que não tinham a permissão de permanecer.
Corações acelerados, mentes e almas ligados, uma corrente de formou. Ouviu-se o canto: “tem ladeira no caminho, esse congá tem segurança” e da rua Exu sorriu, olhou para os filhos daquela casa e com a cabeça acenou que sim, aquele congá tem a sua proteção e, portanto, tem segurança.
Satisfeito, ele abriu as portas do Orum para que os Orixás pudessem dançar com os homens uma noite mais.
Ya Tati de Iemanjá – Casa de Mãe Iemanjá
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