top of page
Foto do escritorYa d'Iemanjá

A fé, a razão e a ilusão




Todo indivíduo quanto ser humano precisa de uma resposta, de um alinhamento entre aquilo que se crê e aquilo que se entende. Sendo assim, as manifestações religiosas, desde os primórdios dos tempos são fruto de uma busca pela verdade e sua companhia, seu acalanto na vida do homem, que agora não mais se rendia a vontade do universo, ou simplesmente a interpretava com um olhar mais corajoso.

As primeiras respostas, que geraram os primeiros deuses foram: por que chove? Por que as marés mudam? Por que existem as doenças? Quem são as luzes nos céus? Esse sentimento de impotência perante as manifestações da natureza, associado com a solidão e o medo do fim, formou a concepção de que algo maior seria responsável por tudo o que se vivia, mas não se compreendia. Portanto, se tinha uma força além da vontade humana, só poderia ser Deus.

Temer a Deus tem uma forte ligação com esse conceito, afinal, como amar quem simplesmente pode acabar com a nossa existência? Nesse conceito de exercício de força, só podemos temer, pois a face que compreendemos dessa divindade é assustadora!

Muitos milênios se passaram e seguimos na mesma toada, os motivos são outros, mas as ameaças são as mesmas. Dentro da Umbanda muitos creem que os mesmos guias que dedicam seu tempo, sua evolução a um trabalho caritativo, simplesmente esperam pela menor desobediência para nos castigar. O temor parece ser o alimento da fé.

Não posso falar por todas as religiões e crenças, mas posso falar pela Umbanda que a gente toca lá em casa e por isso afirma que dentro deste templo, não entendo que isso deva ser assim. Nossa fé prega o perdão desde o seu fundamento, pois ela surge, nasce da necessidade de ouvirmos os marginalizados, de entendermos o saber contido na malandragem, na mandinga, na gargalhada e na boemia.

Quando surgem as manifestações dos caboclos, erês, pretos-velhos, elas nascem nos fundos das casas, no meio de um quarto por vezes escuro, mas acabam por ocupar o espaço na mesa branca das elites brasileiras. Espaço esse cedido pelos elevados doutores. Sim, cedido! Você já parou para pensar que a espiritualidade não iria permitir uma manifestação que não trouxesse elevação e conhecimento para todos ali presentes e que se um espírito se manifesta, onde quer que seja, no tempo religioso que seja, ele tem alguma permissão para isso?

Meus irmãos, voltemos aos primeiros momentos desse movimento chamado religião e abandonemos nossos egos, só assim podemos compreender o papel da fé em nossas vidas. Qual dos homens podem fazer chover? Qual dos homens pode se impor sobre o outro? Qual dos homens é capaz de mudar o destino?

Compreendemos por divino aquilo que nos carrega de forma misteriosa, rumo ao nosso destino. Mas em algum momento passamos a dominar esse mistério? E se dominamos, ainda seria a fé?

Entre a razão e a fé existe um caminho chamado sabedoria, mas aquele que se perde nesse caminhar, acaba do encontrar apenas a ilusão.


Ya Tati d’ Iemanjá

47 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page